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quarta-feira, 6 de março de 2013

Cientistas anunciam cura funcional de bebê com HIV

Atualizado em 04/03/2013 às 00h21.
 
Cientistas americanos disseram, neste domingo, que conseguiram pela primeira vez curar um bebê com HIV. Se for confirmado, o resultado pode alterar o tratamento dado a bebês filhos de mães soropositivas, além de ser uma esperança para reduzir o número de crianças que convivem com o vírus.
Segundo a equipe médica, é o primeiro caso documentado de "cura funcional" de uma criança infectada pelo HIV, quando a presença do vírus é tão mínima que ele se mantém indetectável pelos testes clínicos padrões.
O caso foi apresentado em uma conferência em Atlanta, nos EUA, pela médica Deborah Persaud, virologista do Centro da Criança Johns Hopkins. A apresentação completa acontecerá nesta segunda-feira.
A criança, uma menina que nasceu em uma zona rural do Mississippi, nos EUA, foi tratada com remédios antirretrovirais 30 horas após seu nascimento, um procedimento que não é o normalmente adotado nesses casos.
A menina, agora com dois anos e meio, está há um ano sem tomar medicamentos e não apresenta sinais do vírus.
Se estudos futuros comprovarem o resultado e indicarem que o método funciona com outros bebês, o tratamento de recém-nascidos infectados em todo o mundo deve mudar, dizem especialistas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, há mais de 3 milhões de crianças vivendo com vírus da Aids.
 
PRECAUÇÃO

Apesar da empolgação com o anúncio, especialistas na área ainda pedem cautela. Eles ainda não tiveram acesso aos detalhes do caso e dizem que é preciso confirmar se o bebê realmente havia sido infectado com o HIV pela mãe.
Se não for exatamente isso, seria uma situação de prevenção, o que não é inédito em bebês nascidos de mães infectadas.
A equipe de médicos e cientistas que cuida da menina do Mississippi, no entanto, diz que foram feitos cinco testes positivos no primeiro mês de vida do bebê, o que comprovaria que ela estava infectada.

MÃE DESCONHECIA DOENÇA

Quando chegou a um hospital na zona rural, em 2010, a mãe da criança já estava em trabalho de parto. Ela deu à luz prematuramente.
Como a mãe não havia feito nenhum exame pré-natal, ela não sabia que era portadora do HIV. Quando um exame mostrou que ela estava infectada, o hospital transferiu a criança para o Centro Médico da Universidade do Mississippi, onde chegou com cerca de 30 horas de vida.
A médica responsável pelo caso, em entrevista ao "New York Times", disse que solicitou duas amostras de sangue com uma hora de intervalo para testar a presença o HIV no RNA e no DNA do bebê.
Os exames identificaram 20 mil cópias do vírus por milímetro de sangue, índice baixo para bebês.
Sem esperar os exames que confirmariam a infecção, a médica deu à criança três drogas usadas para tratamento, e não para a profilaxia. Com esse tratamento, os níveis do vírus diminuíram rapidamente, e ficaram indetectáveis quando o bebê completou um mês de vida.
Foi assim até que a criança completasse 18 meses, quando a mãe parou de levá-la ao hospital.
Quando elas retornaram, os testes deram negativo. Suspeitando de erro nos exames, ela pediu mais testes.
"Foi uma surpresa", disse a pediatra Hanna Gay.
Uma quantidade praticamente desprezível de material genético viral foi encontrado, mas sem vírus que pudesse se replicar. Por isso, segundo o grupo, foi uma cura funcional da infecção.
Após o início do tratamento, os níveis do vírus no sangue do bebê foram reduzidos em um padrão de pacientes infectados.
Mais testes ainda são necessários para verificar se o tratamento teria o mesmo efeito em outras crianças, mas os responsáveis pelo caso já comemoram.

PRIMEIRA CURA

O americano Timothy Brown, que acabou ficando conhecido como "o paciente de Berlim", é considerado o primeiro caso de cura do HIV.
Ele tinha leucemia e recebeu, em uma cirurgia na capital alemã, um transplante com células-tronco de um doador que era geneticamente resistente à contaminação pelo HIV.


Fonte: Folha de São Paulo

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